Fala-se tanto em bullying ultimamente, que isso me fez recordar várias situações que aconteceram comigo em meus dias de escola e que se fossem hoje, renderia no mínimo um processo por descriminação... Acho que a primeira aconteceu no meu segundo período de escola, ou seja, devia ter uns 7 ou 8 anos. Eu era muito tímido quando era criança e até a minha adolescência. Um suposto médico foi à escola para examinar as crianças. Fazíamos uma fila, entravamos na sala e lá o médico (com a professora ao lado) mandava baixar a calça e a cueca. Não colocava a mão em nada, mas espera aí? Um médico fazer exames com uma professora ao lado? Eu fiquei tão mortificado de vergonha que saí da fila logo que descobri que tínhamos que mostrar o pinto. Mas não adiantou: tive que superar a vergonha e ir. Acho que o exame era só para ver os pintos das crianças... Para mim o suposto médico disse que eu tinha fimose. Tive que ir a outro médico, que me examinou e disse que não, eu não tinha fimose. E realmente não tinha! Uma situação que demonstra como uma criança pode ser vilipendiada, ainda que para seu bem.
Outra vez já foi no colegial. Todo mundo sabe como adolescente é palhaço e faz muitas bobeiras. Eu e alguns amigos riamos sem parar de algo que não lembro o que em uma aula de matemática. Mas a professora deve ter achado que estávamos rindo dela por que olhou na minha cara e disse: -Está rindo do que? Quem tem nariz vermelho de palhaço aqui não sou eu... Explico: sou muito branco e qualquer sol que eu pego sem protetor, faz meu nariz ficar muito vermelho, como provavelmente estava naquele dia. Engraçado que vários alunos estavam rindo, mas a vítima de sua fúria fui eu!
Em outra ocasião um professor me mandou calar a boca e eu revirei os olhos, tipo “ai que saco”, no que ele disse de imediato: “-Ui, a santa não gostou!”. Que humilhação... Ainda mais por que a classe inteira riu do jeito debochado dele, claramente rindo da minha sexualidade. Sexualidade que eu nem tinha naquela época...
Professores gostam de reclamar de salários baixos, das más condições de trabalho, da bagunça ou da falta de interesse dos alunos, mas são poucos os que escapam do ensino doutrinador e monótono. São poucos os professores que realmente ensinam: na verdade a maioria passa a matéria sem nem ao menos se importar. Não estou generalizando. Sempre bom explicar para alguém eu lê um texto e não sabe interpretar.
Os casos que relatei que aconteceram comigo podem parecer banais e nunca poderão ser comparados com a violência dos dias de hoje, quando qualquer motivo gera brigas e humilhações. Mas não deixaram de me marcar, tanto que lembro disso até hoje.
Esses foram alguns exemplos. Existiram outros, tanto de professores como de outros estudantes. Um dia os relato aqui...
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